segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Governo já pagou quase R$ 1 bilhão em aluguel de imóveis

No momento em que se discute o tamanho do Estado, um dado chama a atenção para como o inchaço da máquina administrativa afeta as contas públicas. Com 39 ministérios e 600 mil servidores para abrigar, o governo federal já desembolsou, até a última semana, quase R$ 1 bilhão em aluguel de imóveis.

O montante inclui a locação de salas, prédios, casas e até espaços de festas e eventos. O valor já pago para as locações da administração direta nos Três Poderes (R$ 969,5 milhões) é semelhante aos gastos do Ministério da Cultura até julho (R$ 986,8 milhões). Além disso, é superior, por exemplo, aos valores pagos individualmente, nos sete primeiros meses deste ano, pelos ministérios do Esporte e do Turismo, assim como a Justiça Militar, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal. Esses dados foram levantados pelo Portal Contas Abertas, em parceria com a CBN.

Se a comparação envolver gastos com a Saúde, os aluguéis são equivalentes às aplicações no programa “Crack, É Possível Vencer”, que recebeu R$ 989,1 milhões até julho deste ano. Os recursos se destinam à prevenção, combate, reabilitação e reintegração social de usuários de drogas.

No Distrito Federal, o governo paga caro pelos aluguéis em endereços privilegiados. Os gastos já somaram R$ 290,5 milhões em 2015.

O Ministério da Saúde lidera as despesas com locações brasilienses. Para sediar departamentos e unidades, a Pasta abriu mão de R$ 25,4 milhões. O Departamento de Apoio à Gestão Participativa, o Departamento de Ouvidoria-Geral do SUS e o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, por exemplo, ficam no Edifício Premium, em Brasília. Ao todo, R$ 10,2 milhões já foram pagos pelo Ministério da Saúde para o aluguel do prédio.O edifício sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), também localizado em Brasília, já levou R$ 8,4 milhões dos cofres públicos.

O Ministério da Educação (MEC) ocupa o segundo lugar do ranking com despesas que atingiram R$ 24,3 milhões. Para a sede da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação do MEC, foram pagos R$ 6,9 milhões neste ano. A Capes é responsável pela expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) em todos os estados da Federação.
No início do ano, a unidade teve problemas em pagar estudantes de pós-graduação no Brasil e no exterior, que reclamam de atrasos nos pagamentos de bolsas. Em seguida, está o custeio do aluguéis de imóveis que somaram R$ 23,3 milhões realizado pelo Ministério da Cultura.
Do orçamento executado pela Pasta, o mais caro, de R$ 6 milhões, foi pago para a sede do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que responde pela preservação do patrimônio cultural brasileiro. Outros R$ 4,4 milhões foram desembolsados pela Cultura para custear as instalações do edifício sede do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

O órgão é responsável pela Política Nacional de Museus (PNM) e pela melhoria dos serviços do setor – aumento de visitação e arrecadação dos museus, fomento de políticas de aquisição e preservação de acervos e criação de ações integradas entre os museus brasileiros.

Gastos concentrados

De todos os gastos da União com locação de imóveis, mais de 59% deles estão concentrados apenas em três unidades federativas do país: Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro. Juntos, eles somam R$ 570,8 milhões.

Depois da capital da República, São Paulo é o que mais gasta com esse tipo de despesa: foram injetados R$ 193,8 milhões em aluguel de prédios de entidades públicas da federação.

No Rio de Janeiro, o valor foi de R$ 86,6 milhões. Mais anexos na Esplanada Com o ajuste fiscal, os gastos chamaram a atenção da atual equipe econômica, mas a solução parece contraditória. O Ministério do Planejamento anunciou que vai alienar imóveis da União.

Outro lado

À CBN, o Ministério da Saúde argumentou que é responsável por coordenar as políticas públicas que possuem abrangência nacional. Em nota, afirmou que esta prerrogativa exige que o ministério tenha capacidade operacional de recursos humanos para definir, planejar e executar, anualmente, as diretrizes das políticas de saúde, o que demanda estrutura física compatível. Mas disse que vem realizando estudos para reduzir custos.

A pasta detalhou que funciona em seis prédios e paga R$ 2,1 milhões por mês para manter quatro dessas unidades, que são alugadas. Segundo a pasta, a Caixa Econômica Federal estabelece o valor de mercado a partir de critérios técnicos como localização, infraestrutura e instalações.

O Ministério da Educação informou que a expansão de alguns programas levou à transferência de órgãos que funcionavam no prédio principal na Esplanada dos Ministérios para prédios alugados. Essas autarquias são: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Inep e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, os Capes.

Em nota, a pasta explica ainda que o Inep, principalmente, precisa de um prédio maior por conta de toda a logística de segurança do Enem, por exemplo.

O Ministério da Cultura disse que usa prédios alugados para o funcionamento do Sistema MINC, nome dado aos órgãos e fundações vinculados à pasta. E que com o aluguel da área administrativa direta foram pagos R$ 8 milhões e 170 mil neste ano. Segundo o Contas Abertas, o gasto total é de R$ 23 milhões.


Fonte: Portal Contas Abertas

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