O juiz federal Sérgio Moro disse que a delação premiada é ‘o
caminho possível para se pegar o grande chefe da organização criminosa’. Ele
assinala que ‘uma das formas históricas de se obter informação de dentro (da
organização) é pegar um membro do grupo criminoso e faze-lo voltar-se contra os
seus pares’.
No sábado, 29, em São Paulo , Moro defendeu
enfaticamente a colaboração premiada durante palestra para um numeroso grupo de
advogados – profissionais que, em quase sua totalidade, repudiam o mecanismo.
Sérgio Moro conduz as ações penais da
Lava Jato, investigação que desvendou esquema de corrupção, cartel de
empreiteiras e propinas na Petrobrás, entre 2004 e 2014. A Lava Jato colocou
no banco dos réus quadros importantes do PT, inclusive seu ex-tesoureiro, João
Vaccari Neto, e seu ex-presidente, José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil
(Governo Lula).
Até aqui, cerca de 30 alvos da Lava
Jato escolheram o caminho da delação para se livrar da prisão e obter outros
benefícios. A força-tarefa da Lava Jato atribui a José Dirceu o papel de
‘instituidor’ do esquema na estatal petrolífera, mas não descarta a
possibilidade de chegar a nomes mais altos.
“Você utilizar um criminoso contra os seus pares é uma técnica de investigação. Existem problemas, sim, mas é uma técnica de investigação que segue um critério puramente pragmático.”
“Você utilizar um criminoso contra os seus pares é uma técnica de investigação. Existem problemas, sim, mas é uma técnica de investigação que segue um critério puramente pragmático.”
Para Moro, o delator pode abrir a
‘redoma de segredos’ de uma organização. “Muitas vezes, a única pessoa que pode
revelar os crimes são os próprios criminosos. Os crimes, normalmente, não são
cometidos em conventos, você não pode chamar a freira para depor como
testemunha, e nem são cometidos no céu, você não pode chamar os anjos. Então,
vocês vão chamar criminosos para testemunhar contra seus pares. Se esse é o
meio necessário para se pegar o grande chefe, se é necessário fazer um acordo,
então esse é um caminho possível de ser percorrido.”
O juiz da Lava Jato ressalvou que
‘existe uma série de cautelas a serem adotadas’.
“A primeira delas, a primeira regra na
colaboração é: nunca confie num criminoso. Não é pelo fato de ele resolver
colaborar que ele se torna pessoa absolutamente confiável. É uma regra
importante na colaboração premiada. Tudo o que o colaborador disser precisa
encontrar prova de corroboração.”
“Como aceitar apenas a palavra de um
criminoso?”, prosseguiu o juiz da Lava Jato. É preciso cautela máxima. Apesar
de ser importante, apesar de muitas vezes ser o único meio para abrir essa
redoma de segredos precisa haver prova de corroboração, tudo tem que ser
checado."
Fonte: Diário do Poder
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